Antes mesmo de descobrir a gravidez eu já estava enjoando, mas achava que era da metformina, pois a mesma costumava me dar algumas ânsias. Após descobrir a gravidez, aquela série de sintomas fizeram todo o sentido. Os enjoos, as espinhas e principalmente as cólicas tiveram uma razão de ser. Era meu milagre que já estava dizendo “Mamãe, estou aqui!!!”. Eu nem imaginava o que me esperava.
A cada dia que passava os enjoos pioravam um pouco, por vezes acordava de madrugada para fazer xixi e tinha um episódio de vômito. Nada demais. Nada em excesso. A sexta semana chegou e com ela veio a hiperemese gravídica. O que é isso? É quando a mulher, por algum motivo, vomita mais do que o normal para a gravidez.
“Considera-se hiperêmese gravídica( HG) quando as náuseas e vômitos são persistentes, frequentes e às vezes intensos, não cedem facilmente aos tratamentos simples e progridem até causar distúrbios nutricionais e metabólicos como uma perda de peso acima de 4% do peso anterior, desidratação e cetonúria. Delimita-se o tempo do aparecimento das náuseas e vômitos: estes devem iniciar nas primeiras semanas da gravidez.”
” Há muitas teorias que tentam explicar sua causa (ou causas), eis algumas:
- resposta anormal à gonadotrofina coriônica humana;
- citotoxinas, produzidas a partir de substâncias das vilosidades coriônicas, penetram na circulação materna;
- uma insuficiência da glândula adrenal levaria à hipersensibilidade à histamina com reações alérgicas como náuseas e vômitos;
- deficiência de vitamina B6;
- reação gastrintestinal de origem psicossomática.”
Enfim, a tal da hiperemese me pegou de jeito. Não foi fácil. Chegava a vomitar umas 20 vezes por dia. Em uma semana chegava a emagrecer um quilo. Tudo que entrava, saia em poucos minutos, ou segundos. Se fosse gelado, saia gelado.
Chegou a 8ª semana. Estava fraca e desidratada. Liguei para meu GO e ele me mandou ir ao hospital santa Úrsula. Ele me disse que o jeito era a internação. Nesse momento, lembrei da crise de pânico que tive no Hospital Vitória Apart e gelei. Não queria passar por aquilo de novo. Mas dessa vez, graças a Deus, foi bem diferente. Esse hospital não tem emergência, então não tive que ver situações difíceis de outras mulheres.
Chegando lá me colocaram em um quarto e fui informada que não comeria nada até o dia seguinte.
Como eu estava desidratada, foi um pouco difícil pegar uma veia minha... elas estavam fraquinhas e estouravam. Por fim, acharam uma igual a mim... dura na queda =)
Ficar sem comer foi muito difícil, mas como eu estava tomando várias vitaminas pelo soro e remédios para enjoo, eu sabia que meu bebe estava bem e se ele estava bem, eu tbm estaria.
Mesmo com os remédios, ainda senti muitos enjoos, mas começaram a diminuir. O remédio me deixava meio grog, então dormia muito. Melhor assim, né? Para o tempo passar mais rápido. No dia seguinte, o Erik foi trabalhar de manhã. Senti muita dó dele. Via que ele estava bem apreensivo com a minha situação, mas ele também não podia deixar o trabalho sem nenhum assistência. Fora que ele dormiu muito mal naquele sofá. Passei a manhã dormindo, mas em um determinado ponto meu GO foi me visitar. Ele foi muito simpático e disse que tudo ficaria bem. Falou que eu já poderia começar a me alimentar. Ebaaaa!!! Finalmente poderia mastigar algo.
De tarde, o acesso começou a me machucar. Era uma dor muito chata e fina. E enfermeira disse que estava td bem. Nesse momento, o Erik já tinha voltado do trabalho para ficar comigo. Mais uma vez, eu não sabia oq me esperava.
Essa dorzinha passou a ficar mais intensa. As enfermeiras continuavam dizendo que estava td bem, mas eu não aguentava mais nem que tocassem o lugar. Era a minha mão direita. Lá pelas tantas, de tanto eu reclamar, uma enfermeira de mau humor disse que trocaria o acesso, mas ela fez com que eu me sentisse fresca e fiquei com vergonha. Acabei por dizer que não precisava. O Erik ficou puto comigo. Disse que eu morri de encher o saco dela e na hora que ela vai fazer algo eu recuo. Fiquei chateada por ele não me apoiar.
Tentei aguentar, mas estava ficando insuportável. Doía demais! Quando eu falei para o Erik chamar uma enfermeira, pois de fato eu precisava trocar aquele acesso, ele ficou mais puto ainda. Fique indignada. Como ele podia ser tão insensível enquanto eu estava naquela situação. Acabei que eu mesma me levantei, carreguei meu soro e fui atrás da enfermeira. Eu já estava quase chorando (e eu não sou uma pessoa sensível a dor). Era outra que estava de plantão. Ela foi muito solícita e disse que iria trocar o acesso assim que possível. Pelo que eu me lembre ela estava esperando uma outra plantonista para não sei o que. Passou quase 30 minutos. Nesse tempo, para aliviar a dor eu puxava o esparadrapo do acesso, pois como era uma dor aguda da cola do esparadrapo puxando minha pele e pelos, camuflava a minha dor do acesso em si. Puxava bem devagar. Quando ela chegou eu já tinha puxado todos os esparadrapos e estava quase puxando a agulha. Ela olhou com olhos arregalados e eu falava com ela com uma voz embaçada e chorosa. Ele tirou a agulha e falou que eu tive flebite. Ou seja, minha veia inflamou. Estava com a mão vermelha e a veia dura. Posteriormente, conversando com a mamãe, ela disse que eu tenho tendência a flebite. Tive uma vez e ficou toda roxa, demorando um tempão para a veia voltar a ficar maleável. Affff, e as enfermeiras dizendo que estava td bem.
Para piorar o dia, tive uma diarreia do nada e na hora de me limpar, imagine só, sangue. Sangue vivo! Não era pouco sangue. Tentei passar o papel higiênico só na área da vagina para confirmar a área que estava saindo sangue, aparentemente, vinha sim da vagina. Comecei a chorar. Tava tudo errado. Falei com a enfermeira e ela ligou para meu GO. No dia seguinte eu faria uma ultra. Até lá iria demorar 2 séculos e um coração parado, pois era assim que eu me sentia... sem respirar e sem batimentos... como se estivesse petrificada.
No dia seguinte fui para a clínica no próprio hospital fazer a ultra. E meu bebe estava super bem. Nem sinal de aborto ou descolamento. Então o sangue deve ter sido algum vazinho que se rompeu pela diarreia. Que alívio eu senti! Depois tive alta e fui para casa.
De tarde tive uma consulta com meu GO. Estava tudo bem e eu poderia voltar a respirar.Percebi que eu seguraria a respiração inúmeras vezes nessa gestação. Eu estava com 9 semanas certinhas.
09 semanas |
2 comentários:
Menina que início difícil hein... quantos sustos vc passou, mas quando Deus diz que tem que ser não tem jeito né?
Beijos
Suzana, a vida tem uma força incrível!!! Acho que eu sofri muito mais com a hiperemese que o Miguel.
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