terça-feira, 18 de junho de 2013

7 SEMANAS - AS CÓLICAS, O PÂNICO E A DEPRESSÃO

Com 7 semanas as cólicas estavam muito fortes. Em uma segunda-feira elas estavam incomum. Vinham em ondas. Fiquei com medo de estar expulsando o bebe. Liguei para o trabalho avisando que não iria. Em seguida, liguei para o Erik e pedi para ele me levar numa emergência.

Fui inicialmente em uma maternidade, lá a médica nem encostou em mim e me passou uma ultra, mas na clínica deste hospital, eles estavam deixando de atender pela Vale e não pude fazer a ultra lá.

Fui para outro hospital, o Vitória Apart, fiquei na área da emergência comum e só depois descobri que o atendimento obstétrico era em outro local.

Cansada, com dor e muito preocupada fui para o setor correto. Meus momentos de horror estavam apenas começando.

Logo na recepção me deparei com uma mulher em processo de aborto. Chorando e com hemorragia, me coloquei no lugar dela. Senti um medo tão imenso de perder meu bebe e acabei caindo aos prantos. Em seguida, uma sensação conhecida começou a tomar conta do meu coração e corpo. Comecei a sentir um pavor, meu corpo gelou, meu coração disparou. Estava tendo uma crise de pânico. Com a medicação que tomava para depressão e ansiedade (Paxtrat), eu ficava muito bem, mas com a descoberta da gravidez estava desmamando o paxtrat e iniciando a fluoxetina (que é bem mais fraca). Eu sabia que era questão de tempo para crises como essa acontecer.

Junto com o pavor, comecei a ter medo de ser mãe. Na verdade, estava tão apavorada que tudo me dava medo. O medo de perder meu bebe era tão grande que acredito que passei a não querer estar grávida para não sofrer com a perda do meu filho tão amado.

Liguei para a minha mãe desesperado. Ela me entende como ninguém e falou que eu não sentia isso de fato. Que era o medo falando por mim. Conversar com ela é sempre muito bom!!!!

O médico me chamou. A maca ainda tinha as marcas de sangue da paciente que estava abortando. Ele mandou esterilizar a maca. Com tudo limpo, fez o toque e estava tudo bem fisicamente, mas neste ponto eu já estava consumida, não parava de tremer. O pavor ainda tomava conta de mim. A sensação é como se estivesse alguém apontando a arma para sua cabeça e vc tem certeza que vão te matar. Ele me passou um exame de urina e solicitei uma ultrassom. Tive que aguardar muito tempo para receber o resultado do teste e fazer a ultra.

Almocei, mas estava enormemente enjoada. No caminho até a clínica que faria a ultra vomitei no corredor. Enquanto esperava minha vez, vomitei numa pia que ficava no corredor tbm. Na frente de todos. O Erik morreu de vergonha, mas no estado emocional que estava, nem me importava.

Quando entrei para fazer a ultra, me tremia tanto que o médico comentou algo, mas tudo agora é meio nebuloso. Vi meu bebe. Ele estava bem. Um lado meu ficou aliviado, mas o lado do pavor, que deturpa tudo oq penso e sinto, não queria mais aquele bebe.

Só de lembrar disso tudo fico ruim. Na época me senti muito culpada. Mas hoje me entendo e até tenho um pouco de pena de mim mesma por ter que passar por isso.

Voltei para casa. eu só queria a minha cama. Estava arrasada! Emocionalmente esgotada. Vou ao banheiro e oq encontro? Sangue preto na calcinha. Na hora pensei: "isso é castigo pelo que fiquei sentindo sobre meu bebê". O que ninguém nunca havia me dito era que algumas mulheres sangram após a ultra.

Liguei para meu GO. Não contei que fui ao hospital (fiquei com vergonha), mas falei do sangue e da depressão. Ele me passou progesterona e aumentou a dosagem da fluoxetina. Demorei ainda algum tempo a aumentar a dosagem, pois não queria fazer mal ao bebe. Até que finalmente tive que me render quando não aguentava mais. Passei algumas semanas tomando a fluoxetina dobrada e assim que eu me senti melhor e mais segura, voltei para a dosagem anterior.

Quanto a progesterona, tomei durante uma semana. O sangramento durou uns 4 dias. Era bem pouco e no fim só sujava o papel.

Esse foi só o começo na minha vida na maternagem.

6 SEMANAS - 1ª ultra

Eu estava com 6 semanas e 6 dias. Era uma manhã de terça-feira. Eu e Erik estávamos muito ansiosos para ver o nosso bebe. O tempo todo eu me perguntava: o coração estava batendo????? Esse era meu maior medo: que meu bebe não tivesse sobrevivido.

Mas a vida que cresce em mim é forte! A médica colocou o aparelho (era ultra transvaginal... saco!) e vi meu botãozinho de amor. Era só uma bolinha, mas já tinha tanta vida!!!! No meio daquele corpinho sem forma, uma bolinha ainda menor batia. TUM TUM TUM TUM. Meu bebe estava vivo!!! Era só que me importava! O Erik ficou todo bobo em ver aquele serzinho ali, seu filho, sua continuidade de vida, sua eternidade no mundo.

Estava tudo ótimo. Meu grãozinho media 0,660 cm e seu coração batia a 120 BPM. Fiquei preocupada pelos batimentos estarem poucos e a médica falou que era devido ao tempo de gestação. Que o coração devia ter começado a bater a pouco tempo. Fiquei tranquila!

Data Provável para o parto: 01 de novembro de 2013.


A PRIMEIRA FOTO DO MILAGRE!!!! MEU NENÉM LINDO!!!!


Contando para o Papai!

Saí do consultório radiante. Nunca tinha sentido uma felicidade como aquela! Algo tinha mudado dentro de mim. Eu seria Mãe! Eu já era mãe! Na saída meu marido me ligou dizendo que já havia chegado para me buscar. Eu o vi na porta da clínica e me deu muita vontade de contar tudo, mas eu queria que fosse especial. Ele perguntou o que o médico falou e eu disse que era o mesmo de sempre: os microcistos e que havia passado uma US para acompanhar. No carro, tentei ser o mais natural possível, mas meu coração parecia que ia explodir. A Soraia me ligou querendo saber mais detalhes, mas eu não podia falar naquele momento. Comentei a ele que finalmente tinha terminado o vídeo que estava fazendo para a família falando sobre as viagens no Es. Quando chegamos em casa preparei o vídeo para ele ver. Ele resmungou, pois estava com muita fome, mas a minha ansiedade era tanta que não podia esperar. Ele cedeu e começou a ver o vídeo, mas reclamou muito. Confesso que tive vontade de jogar o teste positivo na cara dele e dizer “tá aí. Vc vai ser pai!”, mas respirei fundo, eu não queria que aquele momento deixasse de ser especial... afinal ele não sabia o quão importante era aquele vídeo.

O vídeo mostrava a cidade de Vitória e depois outras cidades que visitamos. Tinha alguns vídeo. Ficou lindo!!! No fim, tinha um texto escrito diretamente para a família falando da nossa união e FIM. Fim não, apenas o começo. Então aparecia um espermatozoide fecundando um óvulo. Um pequeno parêntese. Meu marido nesse momento falou assim: “diabo é isso Yasmine! O povo vai achar é que vc está grávida” Eu calei e ele voltou ao vídeo até que após a fecundação aparecia a frase: “Parabéns papai, estamos grávidos”. Ele ficou sem entender e me perguntou se eu estava grávida. Eu disse que sim. Ele falou: “sério?????” eu disse: “sim! Aqui está o teste” E ele revesava o olhar para a tela do computador que mostrava uma cartinha do bebe para o papai e para mim. Uma música linda tocava no fundo. Ele baixou a cabeça e colocou as mãos no rosto. Eu cheguei a pensar que ele estava chateado. Mas o incrível aconteceu. Aquele homem chorou. Vi raríssimas vezes o Erik chorar e ele chorou. Fiquei muito emocionada. Nos abraçamos e choramos juntos. De longe foi o dia mais emocionante e feliz da minha vida.

Este dia mudou a minha vida. Depois disso, cada pensamento era para o meu bebe. Como ele estaria? Seu coração estava batendo? Ele estava saudável?

Na mesma época estávamos comprando um apartamento. Procurávamos um de dois quartos, mas com a chegada do bebe, necessitaríamos de um de três. E, por obra do destino, encontramos o apartamento certo, pelo preço certo e que supria todas as nossas necessidades. Fechamos negócio!!!



Dia 27 de fevereiro de 2013 – dia do positivo

O dia começou como qualquer outro. No trabalho, me veio a idéia: fazer um teste de gravidez antes da consulta. Alguma coisa dentro de mim sentia que eu tinha uma vida em meu ventre, mas uma parte racional, podava esses meus pensamentos e sentimentos. Decidi fazer o teste para quando for ao GO já dar um direcionamento no tratamento, pois aquelas cólicas não eram normais.

No horário do almoço comprei um teste de urina em tira. Entrei no banheiro da minha empresa, mas fui no do andar inferior, pois queria privacidade. Abri a caixa rosa escura e percebi que faltou uma coisa: o pode de coleta de urina. A droga do teste veio só com a tira. Como eu iria emergir a tira na urina sem o copinho. Afão para esse teste viu!!!! Fiquei revoltada, mas resolvi fazer o teste assim mesmo. Iria urinar diretamente na tira. E assim eu o fiz.

Tentei mirar diretamente na ponteira da tira, pois se a urina caísse na parte errada, poderia invalidar o teste e ele não tinha sido barato. De fato, após todos esses meses de tentativas e vários testes de gravidez, eu já tinha desenvolvido uma habilidade que de tão natural parecia que eu tinha nascido para fazer xixis nesses palitos. Consegui fazer o xixi na ponta do teste, mas como ele necessita de um tempinho imerso para absorver o xixi e fazê-lo subir como um elevador até a linha controle que indica se o teste foi válido ou não. Antes da linha teste aparece uma primeira linha que é mágica, a linha do positivo. Mas claro, que essa primeira linha nunca apareceu para mim. A magia nunca tinha sido feita na minha vida. Como não houve a possibilidade de imersão, o palito absorveu pouco xixi, mas o suficiente para subir até a metade do caminho. Pirei quando vi oque achava que não veria: uma metade de linha superforte. Como assim????? E a linha de controle??? Metade de linha???? Para explicar melhor vou fazer um desenho da tira e mostrar o que eu vi.


COMO É O TESTE








O QUE VI ASSIM QUE FIZ O TESTE









Quando vi esse resultado fiquei doida. Como assim???? Meio teste???? Pensei: ou o teste deu errado e caiu urina fora do local correto e comprometeu o teste, ou o teste deu positivo e não teve xixi suficiente para absorver até a linha de controle.

Joguei o teste no lixo e voltei para o trabalho. Cada vez que pensava nisso meu coração disparava. Mas mais uma vez o lado racional podava qualquer possibilidade de o que eu ter visto era o milagre da vida. No meio do turno da tarde, falei com minha amiga Milene pelo whastupp e contei o ocorrido. Ela me animou e falou: Pega o teste e bate uma foto para eu ver!!! Ihhh... eu tinha jogado o teste no lixo, mas eu tbm queria saber. Fui ao banheiro e vasculhei o lixo até que finalmente eu peguei o teste e a imagem que eu vi foi a seguinte:


COMO O TESTE FICOU APÓS UM TEMPO








Como assim??? Ai meu Deus??? Será que estou mesmo grávida??? A Mi me orientou a fazer um novo teste. Saí do trabalho no fim do expediente e fui em outra farmácia. Lá eu comprei um teste de caneta (que não precisa de copo de coleta). Paguei se não me engano 32 reais. Nunca tinha pago tanto num teste! Como o consultório do meu GO é bem pertinho do meu trabalho, fui andando até lá e pensando. Deus, por favor, não deixe que eu me decepcione. Passei por uma banca de revistas e de cara meus olhos focaram uma capa que falava sobre a gravidez de Juliana Paes. E ela está grávida? Para todo canto que olhava eu via grávidas e bebes. Seria um complô? O universo fazendo uma brincadeira de mal gosto. Por que será que a gente só pensa no pior? Por que eu não pensei: isso é Deus me dando um sinal. Para falar a verdade, eu pensei nisso, mas o lado racional, como sempre, cortando qualquer possibilidade de felicidade. Ele precisa de fatos! Eu precisava de fatos!

Na recepção falei que estava ali para ver o Dr. Justino. Dei minha carteirinha do plano de saúde e perguntei onde era o toalete. Entrei, respirei fundo, fechei a porta. Abri o pacote e dessa vez estava td ok.  A canetinha estava lá... rosada... linda... e o melhor: não precisava do copinho de coleta.

Mas uma vez me vi naquela situação. Mirando uma ponteira. Não tive muito xixi, mas foi o suficiente. Antes de eu se quer conseguir colocar a tampa da ponteira as duas linhas perfeitas, fortes e rosas apareceram. Eu estava vendo a magia, o milagre tinha sido feito na minha vida, em meu ventre! Me tremia! Me arrepiava! Não sabia se ria ou chorava. Aquela emoção é indescritível. Nada se compara. Em toda a minha vida, em todos os meus 27 anos, nada nunca chegou aos pés daquela emoção. Eu era mãe!

Devo ter saído do banheiro branca, pois sentia que todos olhavam para mim. Eu pensava comigo mesma: “ eles não fazem ideia do milagre que aconteceu no banheiro. Eu entrei treinante e saí mãe”.


FOTO DA CANETINHA MILAGROSA






Queria contar para todos! Gritar aos quatro ventos! EU SOU MÃE!!!!!! Sim, sou mãe, pois a maternidade começa ainda no ventre. Queria contar para alguém! Liguei para minha amiga Soraia que tem sido uma grande companheira nessa etapa “longe da família”. E falei: “Soraia, eu estou grávida!” Não me recordo oq eu ela falou, acho que foi algo como “como assim?”. “Sim! Eu fiz um teste e deu positivo”. “Sério?”. “Sim!”. “Amiga, estou dirigindo, toh quase batendo o carro. Quando eu chegar em casa eu te ligo.” A conversar foi mais ou menos essa, rsrsrsrsrs. Nesse momento começou a me bater um medo tão grande. Medo da felicidade, eu creio. Respirei fundo. Eu não ia deixar aquela emoção tão grande e bonita ir por água abaixo por esses medos bobos. Eu estava feliz!. Mandei também uma mensagem para a Milene contando a notícia. Ela que me acompanhou em todo esse processo devia também ser uma das primeiras a saber.

A recepcionista me chamou e disse para eu me dirigir ao consultório do Dr. Justino. Chegando lá eu era só sorrisos. Ele perguntou sobre as novidades e eu contei: “Estou grávida! Fiz o teste agora e deu positivo”. Ele sorriu e apertou a minha mão me parabenizando. Mostrei o teste para ele e naquela mesma hora começou meu pré-natal. Ele verificou minha pressão, meu peso e me passou uma serie de exames, mas não me passou o beta. Na hora, eu não me importei, estava tão feliz que nem passava a possibilidade daquele teste de farmácia estar errado.


Sintomas de Milagre

Cerca de 3 a 4 semanas após a MIV, comecei a sentir cólicas. Mas elas em nada lembravam cólicas de menstruação. Parecia mais como se estivesse torcendo meu útero,  à vezes sentia uma pontada no osso pelvico. Lembro que na época senti que finalmente havia conseguido meu tão sonhado positivo.  Tive a seguinte conversar com a Milene no face, estava no 32DC:

Eu: Mi, toh achando que estou gravida. Rsrsrsrsrrsrsrsrs. Doida eu (eu me considerava doida por que achava que não tinha ovulado).
Ela: serio??? porque??
Eu: estou com umas coliquinhas estranhas, umas fisgadas...
Ela: ai ai
EU: provavelmente não é, mas estou com isso na cabeça
Ela: que dia do ciclo?
Eu: pera ai q tenho que contar. Rsrsrsrsrrs. 32DC. Ou então a miv vai fazer a sacanagem que fez comigo no ciclo passado
Ela: afff. faz um teste amiga.
Eu: sei lá MI. acho que vou esperar. É tão ruim ver aquele negativo
Ela: isso nem me fale
Eu: pelo menos assim tenho um pouco de esperança
Ela:ai amiga vc precisa saber pra se cuidar né
Eu: mas uns dias não faz diferença
Ela: kkkkk isso é verdade
Eu: sei lá. É que não estou muito animada. Uma parte acha que deu certo, mas uma outra sente que não
Ela: vc sabe se ovulou?
Eu: não. rsrsrrsrsrsrrsr
Ela: sei como é...sinto isso todo mês
Eu: acho que provavelmente não neh? sei lá toh confusa acho que vou fazer logo esse teste para desencanar
Ela: precisávamos pelo menos saber se ovulou
Eu: amiga, vou ao supermercado. vou ver se compro um teste. 
beijooooooooooooooooooooooosssssssssssss
Ela: passa na farmácia e compra um teste. sei lá, um baratinho. Se tiver que dar vai dar.


Nesse dia fui ao supermercado e enquanto meu marido foi iniciar as compras passei na farmácia. Não queria que ele soubesse que suspeitava. Mas o teste que tinha era um muito simples e muito caro. Me recusei a comprar.

Os dias foram passando e aquela sensação de ter conseguido deu voz a um medo conhecido: câncer. Isso porque as cólicas estavam cada vez piores. Marquei meu GO para o dia 27 de fevereiro, mas no dia 26 a dor estava bem pior. Fui ao hospital e na triagem contei o que estava acontecendo e por já ter essa cólica há duas semanas me deram uma pulseira azul. Perguntei em quanto tempo eu seria atendida e a pessoa falou 4 horas e meia. Fui embora. O que quer que fosse poderia esperar mais um dia pela consulta. No dia seguinte a minha vida mudaria completamente.

Uma Vida de Treinante - Parte III - Deixando acontecer

Meu 5º ciclo começou no dia 29 de novembro. Eu já estava muito desanimada. Cansada emocionalmente. Tinha apostado todas as minhas fichas no ciclo retrasado. Não queria nem mais tomar indutor, mas o GO enfatizou que por ter ação acumulativa, deveria tomar por 6 ciclos. Fiz como ele mandou. Nessa época havia decidido mudar de área. Tinha começado um MBA em Gestão de Pessoas e iria procurar emprego no setor administrativo. Meu foco estava começando a mudar. 

Em dezembro viajei para Fortaleza e lá esperava a MIV. Ela não veio. Janeiro chegou e nada da MIV. Resolvi que iria começar a investigar o porque que não engravidava. Me indicaram uma médica especialista em trombofilia. Fui nela. Falei da falta da MIV. Ela me passou uma série de exames e provera para a vermelha dar as caras. Fiz alguns exames e os demais só poderia fazer após menstruar. 

Na época senti muito fortemente no meu coração que eu iria engravidar até abril, mas sentia que fevereiro seria de fato o mês. No dia 11 de janeiro tive esse conversa com a Milene, uma amiga do EF.

Eu: estou sentindo que vou engravidar até abril. Não sei porque, mas estou sentindo isso.
Ela: Ai que bom!!!!
Eu: Estranho, neh? Pode ser que eu esteja enganada. Mas eu sinto isso dentro de mim.
Ela: Não tá não.
Ela: É Deus falando no seu ouvido.
Eu: Tomara.
Ela: reze querida, peça pra ele confirmar isso em sua vida
Eu: já rezei. Sempre falo com ele. Papo reto, sabe? Rsrsrsrsrsrsrsrs

Ela estava certa! Era Deus falando no meu ouvido.

No dia 23 de janeiro de 2013 comecei um novo trabalho e havia decidido esperar. Não queria engravidar no período de experiência e também queria comprar meu apartamento. Conversei com meu marido e a decisão estava tomada. Entretanto, já que não engravidava mesmo, não quis voltar ao AC, pois após 12 anos de uso queria me desintoxicar e continuei com o glifage, pois aparentememente terei que tomar para o resto da minha vida. Na verdade eu queria apenas deixar acontecer.

Nesse ciclo não fiz nada. Não tomei indutor. Não medi minha temperatura todas as manhãs para verificar o dia da ovulação, nem mesmo sabia em que dia do ciclo estava. 

Uma Vida de Treinante - Parte II - Neurose Mode ON

Fiz o que a GO falou, tomei os AC’s e no quinto dia do ciclo (DC) eu comecei com o indutor. Lembro como se fosse hoje. Era 1º de agosto de 2011. No mesmo dia, pesquisando sobre indutores eu encontrei um fórum de meninas que estavam no mesmo barco que eu: os das Treinantes. Lembro demais que nos primeiros acessos eu fazia inúmeras perguntas. Sentia-me uma analfabeta no que se referia ao meu próprio corpo. Não sabia, ou melhor, não lembrava como calcular meu período fértil, não sabia em que dias treinar. Essa palavra TREINAR passou a ser constatante em meus diálogos e significa sexo com finalidade de procriação. Enfim... não sabia de nadinha. Mal eu imaginava que pouco tempo depois eu viraria uma expert no assunto.

Neste site, o e-family, fiz inúmeras amiga. Iniciei grandes amizades e é maravilhoso ver que algumas delas já com seus milagres nos braços.

Ainda no mês de agosto, fui em uma endocrinologista especialista em SOP. Fiz alguns exames, inclusive o de resistência insulínica. Resultado: positivo. O que isso quer dizer só posteriormente vim a saber. Significa o seguinte: minha insulina e glicose são normais em jejum, mas após eu comer minha insulina sobe expressivamente. A médica falou que a resistência insulínica estava intrinsecamente ligada à SOP. Como assim??? Tenho diagnóstico de SOP desde sempre e ninguém nunca disse que eu poderia ter isso. A médica falou também que eu poderia, caso não fosse tratada, vir a ter diabetes. Medicou-me com Glifage XR de 500 e falou que com o glifage (que é um remédio para diabetes) iria me ajudar a ovular. Achei tudo aquilo muio estranho, mas de fato meus ciclos começaram a ficar mais organizados.

Como a Drª Monica não atendia pela Vale e eu estava definitivamente com este plano, fui em uma nova GO. Ela tbm me foi altamente indicada. Chegando lá, falei que queria um acompanhamento, pois estava tentando engravidar. Ela olhou meus exames e contei meu histórico e ela disse que teria que voltar para o AC. Como assim voltar para o AC???? Ela não escutou o meu histórico??? O AC só melhora meus ovários enquanto estou tomando, pouco tempo depois , questão de dias, todos os cistos voltam! Ela respondeu que eu não tinha tecido ovariano sadio para ovular, pois estava tudo tomando pelos microcistos. Saí de lá com a certeza que aquela era uma GO ignorante sobre SOP. Sim! Com AC td fica maravilhoso, mas sem AC dentro de um ciclo tudo volta ao "normal", ou seja, muitos microcistos. Então, para mim não valia a pena passar 6 meses com AC e rezar para ovular no mês em que parar. Odeio saber mais sobre um assunto do que o próprio médico. Pela minha leitura extensiva e intensiva que fiz, os médicos que de fato entendem sobre o assunto não indicam mais AC para treinantes. Marquei um 3º GO, desta vez ele foi indicado por algumas meninas do EF.

Ainda em agosto, fiz uma ultrassom perto da época que deveria ovular. Resultado, os AC’s que tomei para a MIV vir ou o Glifage haviam diminuído significativamente meus microcistos. Achei que fosse o AC, pois o glifage fazia pouco tempo que estava tomando. Fiquei feliz e impressionada do poder dessas pílulas. Da mesma forma que o poder dos 12 anos de AC tinha acabado em poucas semanas após o término da medicação, me trazendo incontáveis microcistos, também obtive uma melhora rápida com poucos dias de uso para a MIV descer. 

Mas a má notícia: não havia nada que indicasse que eu iria ovular. Fiquei triste.

No fim de agosto menstruei com 26 DC. Nossa! Como fiquei feliz! Lembro que no e-family (EF) muitas meninas ficavam super chateadas com a vinda da MIV (minha inimiga vermelha), e eu pensava: elas não sabem o quanto tem sorte, pois só quem tem dificuldade em simplesmente menstruar sabe o quanto ela é preciosa, pois quer dizer que provavelmente seu organismo está bem.

Nesta época minhas neuras começaram a aumentar... eu só pensava em bebê, em treinos, em período fértil. Só quem foi treinante sabe a agonia, a ansiedade, o medo que uma treinante tem. Nós queremos nosso bebê para ontem. 

Nesse ciclo fiz uma grande amiga no EF, a Déia, ela era igual a mim: SOP, ansiedade, neurose.... Ela havia me falado que estava tomando 2 comprimidos do indutor e que finalmente aquele mês ela tinha ovulado. Não lembro do por que ela acreditava que tinha ovulado, mas aquilo me pareceu mágico, já que numa ultrassom no ciclo anterior o médico falou que não havia indicativo de ovulação. O que fiz? Por minha conta e risco eu aumentei a dosagem. Aquela seria a primeira das loucuras que faria pelo meu bebê.

Fui no novo GO e ele concordou comigo, quer dizer, eu nem falei o que pensava sobre AC para treinantes, pois queria saber se ele estava atualizado. De fato ele falou que não fazia sentindo AC para treinantes e que somente o glifage com o indutor iria me fazer ovular. Fiquei feliz por saber que estava em mão competentes. Falei para ele que tinha tomado dosagem dupla do indutor e ele falou que aquilo estava errado e sem necessidade. Ainda lembro da careta que ele fez. Posteriormente percebi que para tudo ele faria caretas.

Na época da ovulação tive uma dor terrível no ovário esquerdo. Corri para o hospital. Fiz uma US e resultado: superestimulação ovariana com dois megacistos em cada ovário. Meu ovário esquerdo estava com 111cm3. A médica falou que poderia, devido ao peso dos cistos, ter meu ovário torcido. Senti muito medo e envergonhada. Graças a Deus, td ficou bem. Liguei para meu novo GO e falei o que aconteceu. Ele falou que meu corpo absorveria os cistos e não precisaria de nenhuma conduta médica. Tive um ciclo de 36 dias.

No fim de setembro fiquei sabendo da gravidez da minha amiga Déia. Fiquei muito feliz por ela. Ela me contou tudo o que fez no ciclo. Ela foi em um especialista e ele indicou um procedimento que era batata. Tão batata que ela engravidou. Do 2º ao 6º DC tomaria dois comprimidos de indutor por dia. No 14ºDC aplicaria uma injeção de OVIDREL que é uma injeção a base de beta HCG que ajuda a romper os folículos. Deveria treinar nesse dia e no dia seguinte. E do 18ªDC em diante usaria progesterona de 200mg via vaginal. Foi aí que fiz minha segunda loucura. No mesmo dia comprei o Ovidrel numa farmácia. Faço um parêntese, ele custou mais de 200 reais. Mas como tinha tido os supercistos, não poderia correr o risco de acontecer de novo, então continuei o indutor como o médico falou, do 4º ao 8º DC, no 14º DC estudei na net como aplicava injeção subcutânea e eu mesma me apliquei a injeção na barriga. Por fim no 18ºDC comecei a progesterona. Foi nessa época que o destino me apresentou o 2º limbo. Este limbo não é mais relativos ao “Eu quero engravidar?”, mas sim “será que engravidei?”. Essa época é de muitas expectativas e ansiedades. Cada dia mais achava que tinha conseguido o meu POSITIVO. Comecei um vídeo para o Erik para falar sobre a gravidez. Uma certeza se enraizava. A MIV não veio. O que na época eu não sabia era que em algumas meninas, a progesterona impede de menstruar, eu apenas achava que atrasaria. Fiz teste com 26DC, 28, 29 e comecei a desanimar. Minha amiga falou que com ela também não tinha positivado. Só positivou com 33 DC. No 33º fiz um beta. Nossa, quanta ansiedade!!! A todo momento eu olhava o site do laboratório. Eu havia feito dois betas: um qualitativo que diz apenas positivo ou negativo e outro que era quantitativo que informava a quantidade do hormônio beta HCG no sangue. O qualitativo sairia no mesmo dia, o quanti demoraria dois dias. O quali saiu: NEGATIVO. Foi um baque que não desejo a ninguém! Fiquei revoltada! Muito triste. Na mesma época a Déia havia perdido o bebe dela. Tristeza dupla. Parei com a progesterona e 2 dias depois a MIV veio. Ciclo com 34 dias.

Em 31 de outubro comecei meu quarto ciclos. Fiz as mesmas coias que no mês anterior, mas dessa vez contei para meu GO e ele falou que não havia problema. Então fiquei tranquila, mas sem muitas esperanças. Introduzi progesterona por 10 dias e parei, dias depois a MIV veio sem nem precisar de teste de gravidez.

Uma Vida de Treinante - Parte I - Tomando a maior decisão da minha vida!

Durante minha disciplina na faculdade, estudando uma estrutura de referência chamada Biomecânica, aprendi que o treinamento leva a perfeição. Mas isso nem de longe se aplica ao mundo das treinantes de um bebê. Durante essa fase nada é garantido, excetuando-se ansiedades e medos, todo o resto é indefinido. Nada do mundo garantirá que no fim você terá em seus braços um lindo bebê saudável e de bochechas rosadas.

Entrei nesse estranho mundo aos 26 anos. Eu e meu marido estávamos juntos há 10 anos, dos quais há 5 morávamos juntos e 2 estávamos casados oficialmente. Todos os irmãos do Erik já eram pais, minha irmã já era mãe de dois lindos meninos. Nos amávamos muito e tínhamos uma certa estabilidade financeira.

A necessidade da maternagem surgiu primeiramente em mim, no começo leve e doce, como um sonho ainda distante, depois mais intenso. Deixei para lá. Sabia muito profundamente que a mesma vontade deveria surgir no Erik e de forma espontânea. Afinal eu queria sonha junto. 

Nessa estranha estrada chamada SONHO entrei meio que por acaso. Em setembro de 2011 tive uma hemorragia de causa hormonal e decidi deixar de usar o anticoncepcional (AC), meu companheiro diário por 12 anos e tocar pela velha camisinha. Particularmente tenho uma preciosa meio exigente e que gosta de toques macios, mas o medo dos hormônios do AC predominou e tentei "esquecer" daquele ador e aceitar como uma consequência da minha escolha. No final do ano fomos à nossa cidades natal, Fortaleza, visitar nossa família. E no meio de tantos sobrinhos, a paternagem bateu na porta do meu esposo. Em dezembro foi quando ele virou e falou: "Está na hora de termos nosso Tahimzinho" (Tahim é o sobrenome do Erik). Aquilo me pegou de surpresa e tive sentimentos opostos ao mesmo tempo. Primeiramente me animei, mas logo em seguida veio o medo... "e se.... ?". E se eu fosse uma mãe ruim? E se o Erik fosse um pai ruim? Eu realmente queria um filho? O medo é engraçado. Trás dúvidas à certezas. Sou perina nisso. Mas resolvi que não iria decidir... que simplesmente ia deixar rolar. Como assim deixar rolar???? Sempre fui muito responsável e nunca gostei de deixar minha vida ao acaso. Mas naquele momento eu não conseguia decidir. Tinha muita coisa envolvida, inclusive muito medo. Como eu tinha ovários micropolicisticos desde a adolescência e devido à isso, desde que parei o AC minha menstruação não estava normal, sabia que não iria engravidar do jeito que estava então falei para meu esposo que não iríamos mais usar camisinha. Minha preciosa agradeceu!

Tudo aconteceu em dezembro de 2011. Passou janeiro, fevereiro e chegamos a março. Minha menstruação não vinha há 3 meses! Sentia muitas cólicas. Apesar de um lado meu achar que a causa era um lindo bebê crescendo dentro de mim, a maior parte sabia que era a velha Síndrome dos Ovários Policisticos dando as caras. Fiz alguns testes de gravidez... NEGATIVOS! Aquelas, que como eu sabem o que é a falta da amiga vermelha vai me entender, é um martírio porque você não sabe o que está havendo no seu próprio corpo. 
Devido as cólicas intensas e frequentes, fui a uma emergência, pois como minha irmã teve câncer de ovário, eu sou meio neurótica com essas coisas. Após alguns exames incluindo um beta resultado... ovários tomados de microcistos. Era a SOP dando oi. Então já que não era nem bebê nem câncer simplesmente deixei para lá. Ia deixar a natureza seguir seu curso. Chegamos em abril, 4 meses sem a amiga vermelha e muitas cólicas. Não aguentei... voltei para o AC. Esperei a menstruação ao fim da quarta semana... ela veio certinha como um relógio. Sempre fico estasiada com o poder desse hormônio em meu corpo, afinal, com aquelas pequenas pílulas meu ciclo era certinho, lindo, minha pele de pêssego... tudo funcionava.  iniciei um novo ciclo. Nunca havia passando tanto tempo sem a vermelha, afinal foram 5 meses! Nunca havia passando tanto tempo nesse limbo que posteriormente passou a ser bem íntimo da minha nova dinâmica. Essa parte conto depois.

Passou maio, passou junho, chegamos a julho. Cadê a porra da minha menstruação??? Ai que agonia danada!!! Ficava o tempo todo achando que poderia estar grávida e também achando que a qualquer momento aquela ingrata ia aparecer. Marquei uma nova gineco (GO). O nome: Drª Mônica. Ela havia sido indicada por uma paciente minha do pilates.

Estamos em julho de 2012, vou ao consultório da Drª Mônica. Na época estava trocando o meu plano de saúde da UNIMED para o da Vale. Na recepção fico sabendo que ela não é credenciada pela Vale. Resolvo realizar a consulta pela UNIMED e ver se a tal era boa mesmo. Entro na sala. Sento em uma cadeira de frente para a médica. Ela do outro lado da mesa pergunta o motivo da consulta. Explico ter um certo problema chato e prolongado com a SOP e que não menstruava a 2 meses. Falo todo o meu histórico médico, sem esquecer é claro, do histórico familiar de câncer. Eu nunca esqueço. Ela faz o Papanicolau, senti o colo do meu útero, faz uma exame abdominal  palpatório, sente meu útero, analisa minha mamas. Por fim fala: “o colo do seu útero mandou um beijo.” Como assim mandou um beijo? Para onde ele vai? Como sempre, quando vou a um médico fico esperando uma notícia super bad, o que nunca aconteceu. Respiro aliviada! Posso ser meio problemática, mas a nível de perseguida e colo de útero sempre tive muitos elogios dos GO’s.

Me visto, sento à mesa e a Drª começa a falar sobre exames e medicações. Para a menstruação indicou AC a cada 12 horas durante dois dias. Perguntou se eu queria engravidar. Ihhhhhhhhhhhh agora ela me pegou. Até aquele momento eu não havia falado para ninguém, nem para mim mesma que estava tentando engravidar. Naquele momento eu travei! O que falar? Eu queria, mas não queria. Eu queria, mas era tão apavorada que o medo sufocava uma vontade enorme de ser mãe. Finalmente falei que sim. Que queríamos ter um filho. Ainda lembro claramente! Para mim aquele dia foi um divisor de águas. Durante a conversa ela de uma forma tão perspicaz que só vi em psicólogos muito experientes me sacou sem eu precisar falar, ou melhor, nem eu mesma tinha me sacado.

Ela falou: “Olha, você está no limbo (foi a primeira vez que aquela palavra entrou no meu dicionário de treinante. Posteriormente ele teria um outro significado, mas naquele momento o que a médica falou sobre o limbo caiu como uma luva para mim.).

Como assim no limbo?

Sim, você está no limbo por que de fato não se decidiu. Se você não engravidar é porque não está tentando e se engravidar foi no “sem querer” e assim não terá culpa. Ela continuou: sei que essa decisão é muito importante e dá muito medo mesmo, mas não se preocupe, tudo vai dar certo (ela falou mais ou menos isso).

Quando ela terminou eu ri, senti que aquele momento havia acontecido uma daquelas cartases que os psocólogos. Não por que a médica disse que era aquilo, mas pq as palavras delas traduziam de fato o que eu sentia, mas não podia ou não conseguia externar. 

Ela disse então:
"Você precisa se decidir. Converse com seu marido. Caso você decida engravidar deve tomar um comprimido de Clomid (um indutor de ovulação) do quinto ao nono dia do ciclo".

Saí de lá com uma clareza sobre meus sentimento e sabia exatamente o que não me deixava sonhar: o medo. Respirei fundo algumas vezes e pensei, eu tenho que decidir, mas eu sentia que a decisão já estava tomada. Pensei muito durante a volta para casa. Já quase chegando parei e pensei: “eu decidi! Eu quero ser mãe!” Foi naquele momento que eu finalmente deixei meu coração sentir o que ele queria sentir há algum tempo, mas que eu sufocava.

Quando meu marido chegou em casa, sentei com ele e conversei. Falei que precisávamos definir e que não podíamos mais deixar ao acaso. Tínhamos que tomar as rédeas da situação. Perguntei se ele queria se pai e ele falou que sim. Perguntei se a partir daquele momento íamos tentar de fato ter um filho. Ele respondeu que sim. Os dados estavam lançados.